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CAMPO GRANDE

  • Foto do escritor: Laura Seligman
    Laura Seligman
  • 25 de mar
  • 3 min de leitura

Juliana de Menezes Pereira e Pietra Vasconcelos de Barros


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Localizada no Centro-Oeste do país, a cidade de Campo Grande é a capital de Mato Grosso do Sul. Com um dos maiores crescimentos econômicos da região, a cidade é um importante polo econômico e comercial. A economia regional é impulsionada principalmente pelo setor agropecuário. Com aproximadamente 900 mil habitantes, as mulheres correspondem a 52,2% da população. Adriane Lopes (PP), atual prefeita da cidade, foi a primeira mulher eleita. Entretanto, a população elegeu apenas duas mulheres vereadoras entre 27 homens, reforçando a falta de protagonismo feminino na política municipal.


Ao observar a editoria de política em um dos portais de notícias mais acessados da capital, o Campo Grande News (campograndenews.com.br), no período de 1 de fevereiro a 28, buscamos analisar como são tratadas as mulheres na política e a frequência que são citadas na editoria.


Durante o período analisado, o portal publicou um total de 138 matérias na editoria de política. Desse total, 64 citam mulheres do âmbito político, menos de 50% do todo. As ocasiões em que são citadas são principalmente em trechos breves dentro de notícias em que homens são os protagonistas. Quando estão presentes nos títulos, muitas vezes aparecem associadas a algum político do sexo masculino ou só com o cargo sem ter seu nome citado.


“Riedel destaca posição central de MS na aplicação da Reforma Tributária” – Possui uma foto de abertura que reforça de forma gritante que dentre todos os políticos presentes, a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, é a única mulher. Lembrada apenas no final da matéria, a política é colocada hierarquicamente no texto como menos importante.



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A ministra Simone Tebet, a única mulher na imagem. (Imagem: print)

https://www.campograndenews.com.br/politica/riedel-destaca-posicao-central-de-ms-na-aplicacao-da-reforma-tributaria


Em uma matéria sobre a prefeitura de Bataguassu, ao citar a prefeita, a notícia a especifica como esposa de um deputado. Esse tipo de abordagem reforça um padrão de misoginia, ao sempre associar uma mulher ao seu cônjuge. Esse tipo de narrativa perpetua estereótipos de gênero e reduz a relevância das mulheres em cargos de poder, tratando-as muitas vezes como extensões de seus maridos ou familiares. As mulheres, mesmo quando em posições de destaque, continuam sendo definidas por suas relações pessoais e familiares, em vez de sua imagem profissional.



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https://www.campograndenews.com.br/politica/mp-coloca-em-xeque-forma-de-contratar-de-prefeitura-e-pede-mudancas-amplas


Esse fenômeno não é isolado e reflete um padrão mais amplo de invisibilização das mulheres na política. Outro exemplo disso é a matéria “Grazielle, filha de Londres, passa a integrar a Casa Civil do governo”. Já no título da notícia, Grazielle Salgado Machado é descrita como filha de um deputado, o que a reduz a uma figura secundária, definida pela relação familiar, em vez de ser reconhecida por si mesma. Esse tipo de narrativa segue um padrão cultural, mulheres são frequentemente relacionadas à uma figura masculina, principalmente quando estão em cargos políticos. Frequentemente sugerindo que seu sucesso só é possível através da associação com homens em posição de poder.


Em outra notícia, intitulada “Riedel se reunirá com ministra e prefeita para discutir atendimento às mulheres”, mesmo sendo uma pauta focada nas mulheres, o protagonismo de um homem, o governador Eduardo Riedel, é claramente evidenciado. Isso é visível no próprio título, onde apenas o nome de Riedel é destacado, enquanto a ministra e a prefeita são apresentadas como figuras secundárias. Essa abordagem reforça a ideia de que, mesmo em um contexto voltado para as mulheres, a presença masculina continua sendo o ponto central da narrativa.


 
 
 

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